sábado, 31 de março de 2012

5º tema de redação 2012: Aula de ética deve ser dada na escola ou em casa?

Em qual das duas opiniões abaixo você se ampara para desenvolver o tema acima proposto em um texto dissertativo?

"O desenvolvimento ético de uma criança é uma  prerrogativa de seus pais. (...) Alguns professores acreditam que podem sanar, com sua atuação, as deficiências da família e do estado. É ilusão. (...) A ética deve ter papael vital na escola, mas não no discurso, e sim na ação." (Gustavo Ioschpe)

"... deveríamos garantir na escola o ensino da ética e da cidadania. (...) O brasleiro simplesmente não consegue pensar e agir na coletividade, e isso é uma falha de nossa educação." (Gustavo Cerbasi)

Reflita: A escola deve ocupar-se em ensinar as matérias tradicionais ou priorizar cidadania e ética?

Libertinagem - Exercícios de Interpretação

1. (FUVEST) Leia o poema de Manuel Bandeira para responder ao teste.



Não sei dançar


Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria...

Sim, já perdi pai, mãe, irmãos.
Perdi a saúde também.
É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz-band.


Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu tomo alegria!
Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda.

Sobre os versos transcritos, assinale a alternativa incorreta:

(A) A melancolia do eu-lírico é apenas aparente: interiormente ele se identifica com a atmosfera festiva do carnaval, como se percebe no tom exclamativo de "Eu tomo alegria!"
(B) A perda dos familiares e da saúde são aspectos autobiográficos do autor presentes no texto.
(C) A alegria do carnaval é meio de evasão para eu-lírico, que procura alienar-se de seu sofrimento.
(D) O último verso transcrito associa-se ao título do poema, pois o eu-lírico não participa, de fato, do baile de carnaval.
(E) O eu-lírico revela, em tom bem-humorado e descompromissado, ser uma pessoa exageradamente sensível.

2. (FUVEST) Em Libertinagem, Manuel Bandeira manifesta profunda simpatia pelos marginalizados, que, por razões históricas ou condição econômica, representam os desvalidos. Assinale a alternativa em que o poema indicado não serve de exemplo para essa afirmação:
(A) “ Irene no céu”.
(B) “Camelôs”.
(C) “ Mangue”.
(D) “Profundamente”.
(E) “Poema retirado de uma notícia de Jornal”.

3. (FUVEST) Macumba de Pai Zusé

Na macumba do Encantado
Nego véio pai de santo fez mandinga
No palacete de Botafogo
Sangue de branca virou água
Foram vê estava morta! (Libertinagem, Manuel Bandeira)

É correto afirmar que, neste poema de Manuel Bandeira,
(A) emprega-se a modalidade do poema-piada, típica da década de 20, com o fim de satirizar os costumes populares.
(B) usam-se os recursos sonoros (ritmo e metro regulares, redondilha menor) para representar a cultura branca, e os recursos visuais (imagens, cores), para caracterizar a religião afro-brasileira.
(C) mesclam-se duas variedades linguísticas: uma que se aproxima da língua escrita culta e outra que mimetiza uma modalidade da língua oral, popular.
(D) manifesta-se a contradição entre dois tipos de práticas religiosas, representadas pelas oposições negro x branco, macumba x pai de santo, nego véio x Encantado.
(E) expressa-se a tendência modernista de encarar a cultura popular como manifestação do atraso nacional, a ser superado pela modernização.

4. (FUVEST) Teresa
A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que
[o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas. (Libertinagem, Manuel Bandeira)

Em relação às imagens que compõem a figura feminina, no texto de Bandeira, só não se pode afirmar que:
(A) acentuam realisticamente os aspectos grotescos da mulher.
(B) destacam o estranhamento sentido pelo eu-lírico diante de uma visão surpreendente.
(C) constituem deliberado deboche das imagens consagradas pela literatura tradicional.
(D) dessacralizam o ideal de amor arrebatador.
(E) podem ser atribuídas à postura iconoclasta dos modernistas de 22.

5. (POLI) Leia, abaixo, um poema de Manuel Bandeira.
Poema tirado de uma notícia de jornal
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão
[sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.


A respeito do poema e da proposta poética que o autor assume em Libertinagem não podemos afirmar:
(A) O poema assume apenas a proposta de libertação da forma poética, em versos livres e brancos.
(B) A partir do título notamos uma proposta de redimensionar o assunto da poesia, uma vez que o cotidiano pode assumir uma dimensão poética, na medida em que é reinventado em linguagem e ritmo.
(C) O segundo verso do poema, iniciado pela construção uma noite, sugere que o que João Gostoso viveu naquela noite, Bebeu/ Cantou/ Dançou, foi uma exceção em sua rotina.
(D) Podemos entender que o tamanho do primeiro e do último versos do poema exprimem um grande número de dificuldades vividas pelo personagem e contrastam com os versos curtos Bebeu/ Cantou/ Dançou que apontam os momentos de alívio como raros na vida dele.
(E) A omissão do número do barracão em que João Gostoso morava confere a ele um caráter de personagem tipo, isto é, representa várias pessoas que vivem em mesma situação.

6. (FUVEST) ORAÇÃO A TERESINHA DO MENINO JESUS

Perdi o jeito de sofrer.
Ora essa.
Não sinto mais aquele gosto cabotino da tristeza.
Quero alegria! Me dá alegria,
Santa Teresa!
Santa Teresa não, Teresinha…
Teresinha... Teresinha…
Teresinha do Menino Jesus.
(…) (Manuel Bandeira, Libertinagem)

Sobre este trecho do poema, só NÃO é correto afirmar o que está em:
(A) Ao preferir Teresinha a Santa Teresa, o eu-lírico manifesta um desejo de maior intimidade com o sagrado, traduzida, por exemplo, no diminutivo e na omissão da palavra “Santa”.
(B) O feitio de oração que caracteriza estes versos não é caso único em Libertinagem nem é raro na poesia de Bandeira.
(C) Embora com feitio de oração, estes versos utilizam principalmente a variedade coloquial da linguagem.
(D) Em “do Menino Jesus”, qualificativo de Teresinha, pode-se reconhecer um eco da predileção de Bandeira pelo tema da infância, recorrente em Libertinagem e no conjunto de sua poesia.
(E) Apesar de seu feitio de oração, estes versos manifestam intenção desrespeitosa e mesmo sacrílega em relação à religião estabelecida.

7. (FUVEST) PROFUNDAMENTE
Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Náo ouvi mais vozes nem risos
(...)
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totânio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?


— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente. (Manuel Bandeira, Libertinagem.)

No conhecido poema de Bandeira, aqui parcialmente reproduzido, a experiência do afastamento da festa de São João:
(A) é de ordem subjetiva e ocorre, primordialmente, no plano do sonho e da imaginação.
(B) reflete, em chave saudosista, o tradicionalismo que caracterizou a geração modernista de 1922.
(C) se dá predominantemente no plano do tempo e encaminha uma reflexão sobre a transitoriedade das coisas humanas.
(D) assume feição abstrata, na medida em que evita assimilar os dados da percepção sensível, registrados pela visão e pela audição.
(E) é figurada poeticamente segundo o princípio estético que prevê a separação nítida de prosa e poesia.

8. (FUVEST) Leia os versos de Poética, de Manuel Bandeira:
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e
[manifestações de apreço ao Sr. diretor
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho
[vernáculo de um vocábulo

Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barabarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
(...)


Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

— Não quero saber do lirismo que não é libertação.

Nos versos transcritos de Poética, de Manuel Bandeira, pode-se identificar a:
I. afirmação de um novo conceito estético, que propõe a rejeição de todos os métodos tradicionais de composição poética.
II. condenação da linguagem acadêmica, erudita, beletrista, valorizada pelo Parnasianismo.
III. proposição de substituição de fórmulas poéticas tradicionais por formas livres, espontâneas que garantam harmonia e comedimento de expressão.
IV. recusa à dissociação entre a espontaneidade do sentimento e da expressão lingüística.

Está correto o que se afirma em:
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) I e IV.
(D) II e IV.
(E) III e IV.



9. (PUC-SP) Pensão Familiar
Jardim da pensãozinha burguesa.
Gatos espapaçados ao sol.
A tiririca sitia os canteiros chatos.
O sol acaba de crestar as boninas que murcharam.
Os girassóis
amarelo!
resistem.
E as dálias, rechonchudas, plebéias, dominicais.
Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurante — Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.
Sai vibrando com elegância a patinha direita:
— É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.

O poema acima é de Manuel Bandeira e integra a obra Libertinagem. Do ponto de vista de sua construção, NÃO se pode afirmar que:
(A) é enfaticamente descritivo na primeira parte e caracteriza o cenário natural, valendo-se, principalmente de frases nominais.
(B) sugere atmosfera afetuosa e terna caracterizada pelo uso expressivo do diminutivo.
(C) opera o procedimento narrativo de tal forma a conciliá-lo com o descritivo, sem, no entanto, reduzi-lo a um mero pano de fundo.
(D) carece de exploração visual e perde poeticidade em deslizes semânticos e sintáticos.
(E) ilumina e colore o poema e a página, que se contaminam pela força invasora do amarelo.

10. Poética ressalta e propõe:
(A)a liberdade de expressão;
(B)a construção poética por meio da sintaxe normativa;
(C)a vida versus a morte;
(D)a descrição do cotidiano;
(E)as reminiscências da infância.


Gabarito: A, D, C, A, A, E, C, A, D, A

terça-feira, 27 de março de 2012

Curso de Gramática Aplicada a Textos


Curso de Gramática Aplicada a Textos

(Morfologia / Sintaxe / Semântica)

aProfessora Lou

aInício das aulas: 3/4/2012

aHorário: 15h às 16h

aLocal: Projeto Línguas

aInvestimento mensal: R$ 60,00

aMais informações: 3621-2281

segunda-feira, 26 de março de 2012

Feliz Aniversário - Conto de Clarice Lispector

    A família foi pouco a pouco chegando. Os que vieram de Olaria estavam muito bem vestidos porque a visita significava ao mesmo tempo um passeio a Copacabana. A nora de Olaria apareceu de azul-marinho, com enfeite de paetês e um drapeado disfarçando a barriga sem cinta. O marido não veio por razões óbvias: não queria ver os irmãos. Mas mandara sua mulher para que nem todos os laços fossem cortados — e esta vinha com o seu melhor vestido para mostrar que não precisava de nenhum deles, acompanhada dos três filhos: duas meninas já de peito nascendo, infantilizadas em babados cor-de-rosa e anáguas engomadas, e o menino acovardado pelo terno novo e pela gravata.
   Tendo Zilda — a filha com quem a aniversariante morava — disposto cadeiras unidas ao longo das paredes, como numa festa em que se vai dançar, a nora de Olaria, depois de cumprimentar com cara fechada aos de casa, aboletou-se numa das cadeiras e emudeceu, a boca em bico, mantendo sua posição de ultrajada. "Vim para não deixar de vir", dissera ela a Zilda, e em seguida sentara-se ofendida. As duas mocinhas de cor-de-rosa e o menino, amarelos e de cabelo penteado, não sabiam bem que atitude tomar e ficaram de pé ao lado da mãe, impressionados com seu vestido azul-marinho e com os paetês.
    Depois veio a nora de Ipanema com dois netos e a babá. O marido viria depois. E como Zilda — a única mulher entre os seis irmãos homens e a única que, estava decidido já havia anos, tinha espaço e tempo para alojar a aniversariante — e como Zilda estava na cozinha a ultimar com a empregada os croquetes e sanduíches, ficaram: a nora de Olaria empertigada com seus filhos de coração inquieto ao lado; a nora de Ipanema na fila oposta das cadeiras fingindo ocupar-se com o bebê para não encarar a concunhada de Olaria; a babá ociosa e uniformizada, com a boca aberta.
   E à cabeceira da mesa grande a aniversariante que fazia hoje oitenta e nove anos.
   Zilda, a dona da casa, arrumara a mesa cedo, enchera-a de guardanapos de papel colorido e copos de papelão alusivos à data, espalhara balões sungados pelo teto em alguns dos quais estava escrito "Happy Birthday!", em outros "Feliz Aniversário!" No centro havia disposto o enorme bolo açucarado. Para adiantar o expediente, enfeitara a mesa logo depois do almoço, encostara as cadeiras à parede, mandara os meninos brincar no vizinho para não desarrumar a mesa.
   E, para adiantar o expediente, vestira a aniversariante logo depois do almoço. Pusera-lhe desde então a presilha em torno do pescoço e o broche, borrifara-lhe um pouco de água-de-colônia para disfarçar aquele seu cheiro de guardado — sentara-a à mesa. E desde as duas horas a aniversariante estava sentada à cabeceira da longa mesa vazia, tesa na sala silenciosa.
   De vez em quando consciente dos guardanapos coloridos. Olhando curiosa um ou outro balão estremecer aos carros que passavam. E de vez em quando aquela angústia muda: quando acompanhava, fascinada e impotente, o vôo da mosca em torno do bolo.
   Até que às quatro horas entrara a nora de Olaria e depois a de Ipanema.
   Quando a nora de Ipanema pensou que não suportaria nem um segundo mais a situação de estar sentada defronte da concunhada de Olaria — que cheia das ofensas passadas não via um motivo para desfitar desafiadora a nora de Ipanema — entraram enfim José e a família. E mal eles se beijavam, a sala começou a ficar cheia de gente que ruidosa se cumprimentava como se todos tivessem esperado embaixo o momento de, em afobação de atraso, subir os três lances de escada, falando, arrastando crianças surpreendidas, enchendo a sala — e inaugurando a festa.
   Os músculos do rosto da aniversariante não a interpretavam mais, de modo que ninguém podia saber se ela estava alegre. Estava era posta á cabeceira. Tratava-se de uma velha grande, magra, imponente e morena. Parecia oca.
    — Oitenta e nove anos, sim senhor! disse José, filho mais velho agora que Jonga tinha morrido. — Oitenta e nove anos, sim senhora! disse esfregando as mãos em admiração pública e como sinal imperceptível para todos.
   Todos se interromperam atentos e olharam a aniversariante de um modo mais oficial. Alguns abanaram a cabeça em admiração como a um recorde. Cada ano vencido pela aniversariante era uma vaga etapa da família toda. Sim senhor! disseram alguns sorrindo timidamente.
   — Oitenta e nove anos!, ecoou Manoel que era sócio de José. É um brotinho!, disse espirituoso e nervoso, e todos riram, menos sua esposa.
   A velha não se manifestava.
   Alguns não lhe haviam trazido presente nenhum. Outros trouxeram saboneteira, uma combinação de jérsei, um broche de fantasia, um vasinho de cactos — nada, nada que a dona da casa pudesse aproveitar para si mesma ou para seus filhos, nada que a própria aniversariante pudesse realmente aproveitar constituindo assim uma economia: a dona da casa guardava os presentes, amarga, irônica.
   — Oitenta e nove anos! repetiu Manoel aflito, olhando para a esposa.
   A velha não se manifestava.
   Então, como se todos tivessem tido a prova final de que não adiantava se esforçarem, com um levantar de ombros de quem estivesse junto de uma surda, continuaram a fazer a festa sozinhos, comendo os primeiros sanduíches de presunto mais como prova de animação que por apetite, brincando de que todos estavam morrendo de fome. O ponche foi servido, Zilda suava, nenhuma cunhada ajudou propriamente, a gordura quente dos croquetes dava um cheiro de piquenique; e de costas para a aniversariante, que não podia comer frituras, eles riam inquietos. E Cordélia? Cordélia, a nora mais moça, sentada, sorrindo.
   — Não senhor! respondeu José com falsa severidade, hoje não se fala em negócios!
   — Está certo, está certo! recuou Manoel depressa, olhando rapidamente para sua mulher que de longe estendia um ouvido atento.
   — Nada de negócios, gritou José, hoje é o dia da mãe!
   Na cabeceira da mesa já suja, os copos maculados, só o bolo inteiro — ela era a mãe. A aniversariante piscou os olhos.
   E quando a mesa estava imunda, as mães enervadas com o barulho que os filhos faziam, enquanto as avós se recostavam complacentes nas cadeiras, então fecharam a inútil luz do corredor para acender a vela do bolo, uma vela grande com um papelzinho colado onde estava escrito "89". Mas ninguém elogiou a idéia de Zilda, e ela se perguntou angustiada se eles não estariam pensando que fora por economia de velas — ninguém se lembrando de que ninguém havia contribuído com uma caixa de fósforos sequer para a comida da festa que ela, Zilda, servia como uma escrava, os pés exaustos e o coração revoltado. Então acenderam a vela. E então José, o líder, cantou com muita força, entusiasmando com um olhar autoritário os mais hesitantes ou surpreendidos, "vamos! todos de uma vez!" — e todos de repente começaram a cantar alto como soldados. Despertada pelas vozes, Cordélia olhou esbaforida. Como não haviam combinado, uns cantaram em português e outros em inglês. Tentaram então corrigir: e os que haviam cantado em inglês passaram a português, e os que haviam cantado em português passaram a cantar bem baixo em inglês.
   Enquanto cantavam, a aniversariante, à luz da vela acesa, meditava como junto de uma lareira.
   Escolheram o bisneto menor que, debruçado no colo da mãe encorajadora, apagou a chama com um único sopro cheio de saliva! Por um instante bateram palmas à potência inesperada do menino que, espantado e exultante, olhava para todos encantado. A dona da casa esperava com o dedo pronto no comutador do corredor - e acendeu a lâmpada.
   — Viva mamãe!
   — Viva vovó!
   — Viva D. Anita, disse a vizinha que tinha aparecido.
   — Happy birthday! gritaram os netos, do Colégio Bennett.
   Bateram ainda algumas palmas ralas.
   A aniversariante olhava o bolo apagado, grande e seco.
   — Parta o bolo, vovó! disse a mãe dos quatro filhos, é ela quem deve partir! assegurou incerta a todos, com ar íntimo e intrigante. E, como todos aprovassem satisfeitos e curiosos, ela se tornou de repente impetuosa: — parta o bolo, vovó!
   E de súbito a velha pegou na faca. E sem hesitação , como se hesitando um momento ela toda caísse para a frente, deu a primeira talhada com punho de assassina.
   — Que força, segredou a nora de Ipanema, e não se sabia se estava escandalizada ou agradavelmente surpreendida. Estava um pouco horrorizada.
   — Há um ano atrás ela ainda era capaz de subir essas escadas com mais fôlego do que eu, disse Zilda amarga.
   Dada a primeira talhada, como se a primeira pá de terra tivesse sido lançada, todos se aproximaram de prato na mão, insinuando-se em fingidas acotoveladas de animação, cada um para a sua pazinha.
   Em breve as fatias eram distribuídas pelos pratinhos, num silêncio cheio de rebuliço. As crianças pequenas, com a boca escondida pela mesa e os olhos ao nível desta, acompanhavam a distribuição com muda intensidade. As passas rolavam do bolo entre farelos secos. As crianças angustiadas viam se desperdiçarem as passas, acompanhavam atentas a queda.
   E quando foram ver, não é que a aniversariante já estava devorando o seu último bocado?
   E por assim dizer a festa estava terminada. Cordélia olhava ausente para todos, sorria.
   — Já lhe disse: hoje não se fala em negócios! respondeu José radiante.
   — Está certo, está certo! recolheu-se Manoel conciliador sem olhar a esposa que não o desfitava. Está certo, tentou Manoel sorrir e uma contração passou-lhe rápido pelos músculos da cara.
   — Hoje é dia da mãe! disse José.
   Na cabeceira da mesa, a toalha manchada de coca-cola, o bolo desabado, ela era a mãe. A aniversariante piscou. Eles se mexiam agitados, rindo, a sua família. E ela era a mãe de todos. E se de repente não se ergueu, como um morto se levanta devagar e obriga mudez e terror aos vivos, a aniversariante ficou mais dura na cadeira, e mais alta. Ela era a mãe de todos. E como a presilha a sufocasse, ela era a mãe de todos e, impotente à cadeira, desprezava-os. E olhava-os piscando. Todos aqueles seus filhos e netos e bisnetos que não passavam de carne de seu joelho, pensou de repente como se cuspisse. Rodrigo, o neto de sete anos, era o único a ser a carne de seu coração, Rodrigo, com aquela carinha dura, viril e despenteada. Cadê Rodrigo? Rodrigo com olhar sonolento e intumescido naquela cabecinha ardente, confusa. Aquele seria um homem. Mas, piscando, ela olhava os outros, a aniversariante. Oh o desprezo pela vida que falhava. Como?! como tendo sido tão forte pudera dar á luz aqueles seres opacos, com braços moles e rostos ansiosos? Ela, a forte, que casara em hora e tempo devidos com um bom homem a quem, obediente e independente, ela respeitara; a quem respeitara e que lhe fizera filhos e lhe pagara os partos e lhe honrara os resguardos. O tronco fora bom. Mas dera aqueles azedos e infelizes frutos, sem capacidade sequer para uma boa alegria. Como pudera ela dar à luz aqueles seres risonhos, fracos, sem austeridade? O rancor roncava no seu peito vazio. Uns comunistas, era o que eram; uns comunistas. Olhou-os com sua cólera de velha. Pareciam ratos se acotovelando, a sua família. Incoercível, virou a cabeça e com força insuspeita cuspiu no chão.
   — Mamãe! gritou mortificada a dona da casa. Que é isso, mamãe! gritou ela passada de vergonha, e não queria sequer olhar os outros, sabia que os desgraçados se entreolhavam vitoriosos como se coubesse a ela dar educação à velha, e não faltaria muito para dizerem que ela já não dava mais banho na mãe, jamais compreenderiam o sacrifício que ela fazia. — Mamãe, que é isso! — disse baixo, angustiada. — A senhora nunca fez isso! — acrescentou alto para que todos ouvissem, queria se agregar ao espanto dos outros, quando o galo cantar pela terceira vez renegarás tua mãe. Mas seu enorme vexame suavizou-se quando ela percebeu que eles abanavam a cabeça como se estivessem de acordo que a velha não passava agora de uma criança.
   — Ultimamente ela deu pra cuspir, terminou então confessando contrita para todos.
   Todos olharam a aniversariante, compungidos, respeitosos, em silêncio.
   Pareciam ratos se acotovelando, a sua família. Os meninos, embora crescidos — provavelmente já além dos cinqüenta anos, que sei eu! — os meninos ainda conservavam os traços bonitinhos. Mas que mulheres haviam escolhido! E que mulheres os netos — ainda mais fracos e mais azedos — haviam escolhido. Todas vaidosas e de pernas finas, com aqueles colares falsificados de mulher que na hora não agüenta a mão, aquelas mulherezinhas que casavam mal os filhos, que não sabiam pôr uma criada em seu lugar, e todas elas com as orelhas cheias de brincos — nenhum, nenhum de ouro! A raiva a sufocava.
   — Me dá um copo de vinho! disse.
   O silêncio se fez de súbito, cada um com o copo imobilizado na mão.
   — Vovozinha, não vai lhe fazer mal? insinuou cautelosa a neta roliça e baixinha.
   — Que vovozinha que nada! explodiu amarga a aniversariante. — Que o diabo vos carregue, corja de maricas, cornos e vagabundas! me dá um copo de vinho, Dorothy! — ordenou.
   Dorothy não sabia o que fazer, olhou para todos em pedido cômico de socorro. Mas, como máscaras isentas e inapeláveis, de súbito nenhum rosto se manifestava. A festa interrompida, os sanduíches mordidos na mão, algum pedaço que estava na boca a sobrar seco, inchando tão fora de hora a bochecha. Todos tinham ficado cegos, surdos e mudos, com croquetes na mão. E olhavam impassíveis.
   Desamparada, divertida, Dorothy deu o vinho: astuciosamente apenas dois dedos no copo. Inexpressivos, preparados, todos esperaram pela tempestade.
   Mas não só a aniversariante não explodiu com a miséria de vinho que Dorothy lhe dera como não mexeu no copo. Seu olhar estava fixo, silencioso. Como se nada tivesse acontecido.
   Todos se entreolharam polidos, sorrindo cegamente, abstratos como se um cachorro tivesse feito pipi na sala. Com estoicismo, recomeçaram as vozes e risadas. A nora de Olaria, que tivera o seu primeiro momento uníssono com os outros quando a tragédia vitoriosamente parecia prestes a se desencadear, teve que retornar sozinha à sua severidade, sem ao menos o apoio dos três filhos que agora se misturavam traidoramente com os outros. De sua cadeira reclusa, ela analisava crítica aqueles vestidos sem nenhum modelo, sem um drapeado, a mania que tinham de usar vestido preto com colar de pérolas, o que não era moda coisa nenhuma, não passava era de economia. Examinando distante os sanduíches que quase não tinham levado manteiga. Ela não se servira de nada, de nada! Só comera uma coisa de cada, para experimentar.
   E por assim dizer, de novo a festa estava terminada. As pessoas ficaram sentadas benevolentes. Algumas com a atenção voltada para dentro de si, à espera de alguma coisa a dizer. Outras vazias e expectantes, com um sorriso amável, o estômago cheio daquelas porcarias que não alimentavam mas tiravam a fome. As crianças, já incontroláveis, gritavam cheias de vigor. Umas já estavam de cara imunda; as outras, menores, já molhadas; a tarde cala rapidamente. E Cordélia, Cordélia olhava ausente, com um sorriso estonteado, suportando sozinha o seu segredo. Que é que ela tem? alguém perguntou com uma curiosidade negligente, indicando-a de longe com a cabeça, mas também não responderam. Acenderam o resto das luzes para precipitar a tranqüilidade da noite, as crianças começavam a brigar. Mas as luzes eram mais pálidas que a tensão pálida da tarde. E o crepúsculo de Copacabana, sem ceder, no entanto se alargava cada vez mais e penetrava pelas janelas como um peso.
   — Tenho que ir, disse perturbada uma das noras levantando-se e sacudindo os farelos da saia. Vários se ergueram sorrindo.
   A aniversariante recebeu um beijo cauteloso de cada um como se sua pele tão infamiliar fosse uma armadilha. E, impassível, piscando, recebeu aquelas palavras propositadamente atropeladas que lhe diziam tentando dar um final arranco de efusão ao que não era mais senão passado: a noite já viera quase totalmente. A luz da sala parecia então mais amarela e mais rica, as pessoas envelhecidas. As crianças já estavam histéricas.
   — Será que ela pensa que o bolo substitui o jantar, indagava-se a velha nas suas profundezas.
   Mas ninguém poderia adivinhar o que ela pensava. E para aqueles que junto da porta ainda a olharam uma vez, a aniversariante era apenas o que parecia ser: sentada à cabeceira da mesa imunda, com a mão fechada sobre a toalha como encerrando um cetro, e com aquela mudez que era a sua última palavra. Com um punho fechado sobre a mesa, nunca mais ela seria apenas o que ela pensasse. Sua aparência afinal a ultrapassara e, superando-a, se agigantava serena. Cordélia olhou-a espantada. O punho mudo e severo sobre a mesa dizia para a infeliz nora que sem remédio amava talvez pela última vez: É preciso que se saiba. É preciso que se saiba. Que a vida é curta. Que a vida é curta.
   Porém nenhuma vez mais repetiu. Porque a verdade era um relance. Cordélia olhou-a estarrecida. E, para nunca mais, nenhuma vez repetiu — enquanto Rodrigo, o neto da aniversariante, puxava a mão daquela mãe culpada, perplexa e desesperada que mais uma vez olhou para trás implorando à velhice ainda um sinal de que uma mulher deve, num ímpeto dilacerante, enfim agarrar a sua derradeira chance e viver. Mais uma vez Cordélia quis olhar.
   Mas a esse novo olhar — a aniversariante era uma velha à cabeceira da mesa.
   Passara o relance. E arrastada pela mão paciente e insistente de Rodrigo a nora seguiu-o espantada.
   — Nem todos têm o privilégio e o orgulho de se reunirem em torno da mãe, pigarreou José lembrando-se de que Jonga é quem fazia os discursos.
   — Da mãe, vírgula! riu baixo a sobrinha, e a prima mais lenta riu sem achar graça.
   — Nós  temos, disse Manoel acabrunhado sem mais olhar para a esposa. Nós temos esse grande privilégio disse distraído enxugando a palma úmida das mãos.
   Mas não era nada disso, apenas o mal-estar da despedida, nunca se sabendo ao certo o que dizer, José esperando de si mesmo com perseverança e confiança a próxima frase do discurso. Que não vinha. Que não vinha. Que não vinha. Os outros aguardavam. Como Jonga fazia falta nessas horas — José enxugou a testa com o, lenço — como Jonga fazia falta nessas horas! Também fora o único a quem a velha sempre aprovara e respeitara, e isso dera a Jonga tanta segurança. E quando ele morrera, a velha nunca mais falara nele, pondo um muro entre sua morte e os outros. Esquecera-o talvez. Mas não esquecera aquele mesmo olhar firme e direto com que desde sempre olhara os outros filhos, fazendo-os sempre desviar os olhos. Amor de mãe era duro de suportar: José enxugou a testa, heróico, risonho.
   E de repente veio a frase:
   — Até o ano que vem! disse José subitamente com malícia, encontrando, assim, sem mais nem menos, a frase certa: uma indireta feliz! Até o ano que vem, hein?, repetiu com receio de não ser compreendido.
   Olhou-a, orgulhoso da artimanha da velha que espertamente sempre vivia mais um ano.
   — No ano que vem nos veremos diante do bolo aceso! esclareceu melhor o filho Manoel, aperfeiçoando o espírito do sócio. Até o ano que vem, mamãe! e diante do bolo aceso! disse ele bem explicado, perto de seu ouvido, enquanto olhava obsequiador para José. E a velha de súbito cacarejou um riso frouxo, compreendendo a alusão.
   Então ela abriu a boca e disse:
   — Pois é.
   Estimulado pela coisa ter dado tão inesperadamente certo, José gritou-lhe emocionado, grato, com os olhos úmidos:
   — No ano que vem nos veremos, mamãe!
   — Não sou surda! disse a aniversariante rude, acarinhada.
   Os filhos se olharam rindo, vexados, felizes. A coisa tinha dado certo.
   As crianças foram saindo alegres, com o apetite estragado. A nora de Olaria deu um cascudo de vingança no filho alegre demais e já sem gravata. As escadas eram difíceis, escuras, incrível insistir em morar num prediozinho que seria fatalmente demolido mais dia menos dia, e na ação de despejo Zilda ainda ia dar trabalho e querer empurrar a velha para as noras — pisado o último degrau, com alívio os convidados se encontraram na tranqüilidade fresca da rua. Era noite, sim. Com o seu primeiro arrepio.
   Adeus, até outro dia, precisamos nos ver. Apareçam, disseram rapidamente. Alguns conseguiram olhar nos olhos dos outros com uma cordialidade sem receio. Alguns abotoavam os casacos das crianças, olhando o céu à procura de um sinal do tempo. Todos sentindo obscuramente que na despedida se poderia talvez, agora sem perigo de compromisso, ser bom e dizer aquela palavra a mais — que palavra? eles não sabiam propriamente, e olhavam-se sorrindo, mudos. Era um instante que pedia para ser vivo. Mas que era morto. Começaram a se separar, andando meio de costas, sem saber como se desligar dos parentes sem brusquidão.
   — Até o ano que vem! repetiu José a indireta feliz, acenando a mão com vigor efusivo, os cabelos ralos e brancos esvoaçavam. Ele estava era gordo, pensaram, precisava tomar cuidado com o coração. Até o ano que vem! gritou José eloqüente e grande, e sua altura parecia desmoronável. Mas as pessoas já afastadas não sabiam se deviam rir alto para ele ouvir ou se bastaria sorrir mesmo no escuro. Além de alguns pensarem que felizmente havia mais do que uma brincadeira na indireta e que só no próximo ano seriam obrigados a se encontrar diante do bolo aceso; enquanto que outros, já mais no escuro da rua, pensavam se a velha resistiria mais um ano ao nervoso e à impaciência de Zilda, mas eles sinceramente nada podiam fazer a respeito: "Pelo menos noventa anos", pensou melancólica a nora de Ipanema. "Para completar uma data bonita", pensou sonhadora.
   Enquanto isso, lá em cima, sobre escadas e contingências, estava a aniversariante sentada à cabeceira da mesa, erecta, definitiva, maior do que ela mesma. Será que hoje não vai ter jantar, meditava ela. A morte era o seu mistério.

Texto extraído do livro "Laços de Família", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1998, pág. 54.

domingo, 25 de março de 2012

Semana 4: Funções da Linguagem

Elementos da comunicação

Identifique a(s) função(ões) da linguagem que está(ão) presente(s) nos textos abaixo:
OBS: Num mesmo texto, nas mais das vezes, há mais de uma função da linguagem. O fundamental é que se perceba qual a função predominante para a organização da mensagem.


1)Só uma coisa
me assombra e deslumbra:
como é que o som penetra na sombra
e a pena sai da penumbra?
PAULO LEMINSKI



2) “Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer...e, além do mais, expedir alguns magros capítulos para esse mundo é tarefa que sempre distrai um pouco da eternidade; mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica...Vício grave e, aliás, ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor...Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios: guinam à direita e à esquerda, escorregam e caem...”
(MACHADO DE ASSIS in Memórias Póstumas de Brás Cubas)


3) GLOBO E VOCÊ
TODA HORA
TUDO A VER
(Vinheta publicitária)


4) Meus oito anos
Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
(Casimiro de Abreu)


5) O Brasil tem 40 milhões de fumantes. Ainda são muitos, mas o número vem caindo. O volume de cigarros queimados no país caiu 32% em dez anos, e uma pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) descobriu que 21,4% da população carioca fuma, contra 29,8% em 1989. Os dados demonstram que a política antitabagista do governo começa a dar resultados. Na semana passada o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, recebeu um prêmio da Organização Mundial da Saúde (OMS) por seu empenho nas negociações do tratado mundial antitabaco. Aprovado no fim de maio por 171 países, o documento prevê uma guerra contra a indústria do fumo, com medidas como a abolição quase total de propaganda de cigarro em cinco anos e taxações e financiamento para levar os plantadores de tabaco a mudar de negócio.
(Revista Época, 2003)


6) Sinal Fechado
Olá, como vai ?
Eu vou indo e você, tudo bem ?
Tudo bem eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você ?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe ...
Quanto tempo... pois é...
Quanto tempo...
Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios
Oh! Não tem de que
Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona ?
Precisamos nos ver por ai
Pra semana, prometo talvez nos vejamos
Quem sabe ?
Quanto tempo... pois é...
Quanto tempo
(Paulinho da Viola)


7) “Todos os dias quando (eu) acordo,
(eu) não tenho mais o tempo que passou.”
(Legião Urbana)

8) “Quero ficar no teu corpo feito tatuagem...”
(Chico Buarque)

9) “Blá‑blá‑blá.‑blá
blá‑blá‑blá‑blá‑blá
Ti‑ti‑ti‑ti
Ti‑ti‑ti‑ti-ti
Tá tudo muito bom, bom!Tá tudo muito bem, bem!” (Blitz)

10) “Amor é fogo que arde sem se ver
é ferida que dói e não se sente
é um contentamento descontente...” (Luís de Camões)

11) Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as letras se reunindo com maior ou menor velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que está de olho na maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginália, purê de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário.  (Carlos Drummond de Andrade)

12) Todo brasileiro tem direito à aposentadoria. Mas nem todos têm direitos iguais. Um milhão e meio de funcionários públicos, aposentados por regimes especiais, consomem mais recursos do que os quinze milhões de trabalhadores aposentados pelo INSS. Enquanto a média dos benefícios aos aposentados do INSS é de 2,1 salários mínimos, nos regimes especiais tem gente que ganha mais de 100 salários mínimos.  (Programa Nacional de Desestatização)

13) Oh? como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias?  (Vinícius de Moraes)


14) — Você gostou dos contos de Machado?
— Só, meu. Valeu.


15) — Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, Seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.  (Graciliano Ramos)

Gabarito:
1) emotiva e poética
2) emotiva, metalinguística e conativa
3) conativa e poética
4) emotiva e poética
5) referencial
6) fática e poética
7) emotiva e poética
8) emotiva e contativa
9) fática
10) poética, emotiva, metalinguística
11) metalinguística e emotiva
12) referencial
13) poética, emotiva e conativa
14)conativa e fática
15) metalinguística, emotiva e conativa

quinta-feira, 22 de março de 2012

4º tema de redação 2012: Paradoxos de Nosso Tempo




















Redação nota 10 na UNICAMP 2000 em referência à ÁGUA (em 22 de março, quando celebramos seu dia internacional)

Água – elemento fundamental 

    Tamandaré, o equivalente indígena do Noé bíblico, poupou sua civilização da extinção salvando-a da tempestade que alagou o território em que vivia. A mitificação da água, elemento recorrente na mitologia indígena, decorre justamente da suma importância que essa substância pura tem para as tribos brasileiras. Quando, há quase quinhentos anos, os portugueses em terra tupiniquim aportaram, um dos aspectos que mais os impressionaram foi a limpeza característica de todos os índios: homens e mulheres tão limpos que não se intimidavam em mostrar suas “vergonhas”. Provavelmente, essa cena remeteu os lusitanos à sua própria “civilização moderna”, em que banhos diários eram simplesmente inimagináveis. 
   Na idade contemporânea, os hábitos concernentes à higiene pessoal pouco haviam evoluído. Apesar de já serem conhecidos os mecanismos de transpiração e a teoria infeccionista, que mostraram a necessidade de práticas de higiene constantes, muitos mitos que ligavam a água a aspectos fisiológicos, como a esterilidade feminina, ainda eram levados a sério, o que não permitiu que a água fosse utilizada em “larga escala”, como bem atesta o escritor Alain Corbin, estudioso da vida privada a partir da Revolução Francesa. 
   Muito antes que a civilização contemporânea fizesse asserções sobre a questão da água, ela já se configurava em elemento indispensável à formação da própria civilização urbana. A água foi condição “sine qua non” para o surgimento e estabelecimento de grupos humanos cujo legado é, até hoje, alvo de estudos: as civilizações mesopotâmica, egípcia e chinesa prosperaram devido ao uso inteligente de seus recursos hídricos. Sabendo irrigar e tornar produtivo o solo, foram capazes de se firmar como as primeiras grandes civilizações humanas.   
      Atualmente, no limiar do terceiro milênio, a água vem sendo o principal objeto de reflexão. Tudo porque o homem de hoje, que já incorporou as noções de limpeza como algo imprescindível para as relações interpessoais, foi capaz de conquistar o espaço, mas não soube – ou não foi conveniente que soubesse – como manter íntegro o elemento “matriz de todas as coisas”, segundo o filósofo Nietzsche. O desenvolvimento industrial, que transformou radicalmente a sociedade, não considerou a questão da água como prioritária para que, a longo prazo, pudesse usufruir de todas as benesses tecnológicas. As indústrias passaram a despejar seus dejetos tóxicos em rios. A urbanização não foi acompanhada pela instalação de eficientes redes de esgoto. Nem os produtos da evolução tecnológica deixam por menos: constantemente se vêem nos noticiários catastróficos acidentes ambientais causados pelo derramamento de óleo dos petroleiros.
     As conseqüências de anos de descaso com a questão da água estão mais próximas do que se imagina, levando a humanidade a uma visão pessimista e obscura do futuro: derretimento da calota polar, causado pela emissão excessiva de gases que destroem a camada de ozônio, deixando o caminho livre para os raios infravermelhos; envenenamento de seres vivos com substâncias tóxicas nos mananciais, contaminados por dejetos tóxicos; chuva ácida, formada a partir de gases originários da queima de combustíveis fósseis; ou ainda, a mais cruel e, ao mesmo tempo, simples das conseqüências: a sede causada pelo fim da água potável. 
    A civilização humana evoluiu de forma descompassada e paradoxal: relegou, por muito tempo, a um segundo plano a substância responsável pela sua existência. O homem atual, obeso de tecnologia e informação, mas desnutrido de medidas que permitissem a manutenção de suas obras tenta, agora, com muita dificuldade e gastos altíssimos, reparar os erros que cometeu na relação ingrata que manteve com a água: obteve muito dela sem que a recíproca ocorresse.
   O relacionamento ser humano–água deve voltar a ser permeado pelo sensacionismo típico de Alberto Caeiro, faceta bucólica do escritor português modernista Fernando Pessoa, o qual, já neste século, percebeu e registrou a água não como mero fator natural necessário para a sobrevivência, mas também como indispensável nas relações emotivas entre os homens e destes para com a natureza.
  Os índios brasileiros sabem – ou, infelizmente, sabiam – o valor incalculável da água. Cabe-nos agora voltar à mentalidade da civilização que foi uma das constituintes do povo brasileiro, tratando-a como parceira para o desenvolvimento. E isso só será feito com a união da consciência social-ecológica e do crescimento tecnológico para despoluir e valorizar a água do planeta quase cinza, mas que ainda tem resquícios azuis.

Fonte: ANA LUIZA GIBERTONI CRUZ - Aprovada na Medicina da UNICAMP, em 2000, quando o tema de redação foi "AGUA" (reprodução fiel do texto da candidata)

quarta-feira, 21 de março de 2012

USP está entre as 70 instituições com melhor reputação do mundo



     A USP (Universidade de São Paulo) deu um salto e aparece entre as 70 instituições de ensino superior com melhor reputação no mundo, segundo ranking do THE (Times Higher Education) publicado em Londres.  No levantamento do ano passado, tal universidade não figurava nem entre as cem melhores. Agora, está na faixa entre o 61º e o 70º lugar. É também a única representante de toda a América Latina na lista.
      O THE é um dos mais importantes avaliadores de universidades no mundo.  Para compor seu ranking de reputação, foram ouvidos 17.554 acadêmicos e pesquisadores de 137 países.
     Encabeça a lista a Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, seguida pelo também americano MIT (Massachusetts Institute of Technology).   Os Estados Unidos, aliás, lideram a lista com 44 instituições entre as 100 melhores do mundo, bem à frente da Grã-Bretanha, com dez indicações. O levantamento deste ano também registrou a ascensão das universidades asiáticas, com a entrada de centros de ensino e pesquisa da China, Taiwan, Coreia do Sul e Cingapura.

(Fontes: UOL e Veja - 14/3/2012)

sábado, 17 de março de 2012

'É presente de grego'



      O dicionário não inventa significados, não os "depura", não esconde o jogo, não "doura a pílula"
      O CARO leitor decerto tomou ciência da polêmica sobre o que se encontra no grande dicionário "Houaiss" no verbete "cigano". Um membro do Ministério Público entende que o "Houaiss" afronta a lei ("o direito à liberdade de expressão não pode albergar posturas preconceituosas e discriminatórias, sobretudo quando caracterizadas como infração penal").
      O "Houaiss" e outros dicionários registram (sob a rubrica "pejorativo") o uso de "cigano" como "que ou aquele que trapaceia", "velhaco, burlador", "que ou aquele que faz barganha, que é apegado ao dinheiro", "agiota", "indivíduo esperto, enganador, especialmente nos negócios", "que ou quem age com astúcia para enganar ou burlar alguém" etc.
     Transcrevi essas definições de alguns dicionários (o próprio "Houaiss", o "Aulete" eletrônico e até um português, o "Universal"). Como se vê, o membro do Ministério Público "esqueceu" os outros dicionários ou vai processar cada um deles separadamente. Prepare-se, editor do "Universal"! Algum tribunal internacional será convidado a tratar do tema...
    O fato é que há um grande equívoco em toda essa questão. Não sei se o ovo é anterior à galinha, mas, em se tratando da relação língua/dicionários, a língua e os usos linguísticos vêm antes dos dicionários, que nada mais são que "cartórios" da língua. Ao dicionarista não cabe julgar antes de registrar, não cabe o papel de censor.
   O que o dicionarista faz é definir o "corpus" de sua pesquisa e, a partir daí, registrar o que atinge determinado número de incidências. E fim.
    Um dicionário de caráter amplo, como o "Houaiss" ou o "Aurélio", apoia-se num "corpus" vasto (linguagem formal, informal, chula, familiar, técnica, antiga, literária etc.) e num amplo arco temporal. O "Houaiss", por exemplo, vai longe no tempo.
    Moral da história: se é uso, o dicionário registra e, portanto, cumpre o seu papel. O dicionário não inventa significados, não os "depura", não esconde o jogo, não "doura a pílula", não é esquizofrênico, não é hipócrita.
    Bem, a esta altura, cabe-me sugerir ao Ministério Público que estenda a ação judicial aos outros dicionaristas e a alguns dos nossos artistas. Sugiro dois nomes: o monumental Chico Buarque e o grande Humberto Teixeira. Bem, Humberto Teixeira já faleceu (em 1979), mas processar um defunto não seria menos bizarro do que é processar o "Houaiss" pelo verbete "cigano". Que fez Teixeira, que, além de letrista, era advogado? Empregou "judiação" na letra da memorável "Asa Branca". Sim, todo brasileiro manifesta preconceito explícito contra os judeus quando emprega termos como "judiar"e "judiação".
   E Chico Buarque? Em 1969, quando nasceu uma de suas filhas, o Mestre, torcedor do Fluminense, recebeu do querido e saudoso Ciro Monteiro ("Gostar de Ciro Monteiro é prova de caráter", dizia Vinicius) uma camisa do Flamengo. Mais que depressa Chico transformou o fato na memorável canção "Ilmo Sr. Ciro Monteiro" ou "Receita para Virar Casaca de Neném". Diz a letra: "Minha petiz / Agradece a camisa / Que lhe deste à guisa / De gentil presente / Mas caro nego / Um pano rubro-negro / É presente de grego / Não de um bom irmão". Eta Chico preconceituoso! Nego? Presente de grego? Processo nele!
    Fico com os versos seguintes da memorável mensagem de Chico a Ciro: "Nós separados / Nas arquibancadas / Temos sido tão chegados / Na desolação". Que maravilha! E motivos não faltam para a desolação. Um deles é constatar que a bobajada do politicamente correto já deu o que tinha de dar. Xô! É isso.

(Fonte: Pasquale Cipro Neto - Folha de S. Paulo - 16/3/12)

quarta-feira, 14 de março de 2012

Semana 3: Versificação

Versificação é o estudo dos metros e ritmo do verso, para se estalebelecer a contagem de suas sílabas. 

Verso é o nome que se dá a cada uma das linhas que constituem um poema.
Metro é o nome que se dá à extensão da linha poética. Pela contagem de sílabas de um verso, podemos estabelecer seu padrão métrico e suas unidades rítmicas.  Dependendo do número de sílabas métricas, os versos são classificados da seguinte forma:


Estrutura métrica dos versos
Número de sílabas
Classificação dos versos
1
Monossílabo
2
Dissílabo
3
Trissílabo
4
Tetrassílabo
5
Pentassílabo ou redondilha menor
6
Hexassílabo
7
Heptassílabo ou redondilha maior
8
Octossílabo
9
Eneassílabo
10
Decassílabo
11
Hendecassílabo
12
Dodecassílabo ou Alexandrino


Alguns exemplos:

1 sílaba - Monossílabo

1
Rua
1
Tor/ (ta).
1
Lua
1
Mor/ (ta).
1
Tua
1
Por/ (ta)
(Cassiano Ricardo)

5 sílabas - Pentassílabo ou redondilha menor

1
2345
Sou/ bra/vo/sou/for/(te)
1
234
Sou/ fi/lho/do/nor/(te)
1
2345
Meu/can/ to/de/mor/(te)
1
2345
Gue/ rrei/ros,/ou/vi
1
2345
Sou/fi/lho/das/sel/(vas)
1
2345
Nas/sel/vas,/cres/ci
(Gonçalves Dias)

7 sílabas - Heptassílabo ou redondilha maior

1
234567
Min/ ha/te/rra/tem/pal/mei/(ras),
1
234567
On/ de/can/tao/sa/bi/á;
1
234567
As/a/ ves/quea/qui/gor/jei(am),
1
234567
Não/ gor/jei/am/co/mo/lá.
(Gonçalves Dias)

10 sílabas - Decassílabo

1
2345678910
É/ um/não/que/rer/mais/que/bem/que/rer;
1
2345678910
É/ so/li/ta/rioan/dar/por/en/trea/gen/(te);
1
2345678910
É/nun/ ca/con/ten/tar-/se/de/con/ten/(te);
1
2345678910
É/ cui/dar/que/se/ga/nhaem/se/per/der;
(Luís Vaz de Camões)


12 sílabas - Dodecassílabo ou Alexandrino
1
23456789101112
Ve/ nhaoin/ver/no,/de/pois/doou/to/no/ben/fei/tor!
1
23456789101112
Fe/liz/por/que/nas/ci,/fe/liz/por/queen/ve/lhe/(ço),
1
23456789101112
Hei/de/ ter/no/meu/fim/a/gló/ria/do/co/me/(ço):
1
23456789101112
Não/ me/ve/rão/cho/rar/no/dia/em/que/me/for.
(Olavo Bilac)

 Mais de 12 sílabas - Verso livre


1
234567891011121314
Teu/ si/lên/cio/baio/ne/ta/per/fu/rao/meu/ba/lão
1
234567891011121314
E/lá/se/vão/to/das/as/fra/ses/queeu/ti/nhaa/di/zer
1
234567891011121314
U/ma/ gra/na/da/de/pa/la/vras/ex/plo/den/tre/nós
1
234567891011121314
E/ man/da/pe/los/a/res/a/que/la/chan/ceen/mi/lhão
(Antonio Marques Barroso)

Rima é a igualdade ou semelhança de sons na terminação das palavras. Pode se classificar em:


A) Emparelhada (AA, BB, CC)
Amo o pobre deixo o rico A
Vivo como o tico-tico A
Não me envolvo em torvelinhosB
Vivo só no meu cantinho.B


B) Intercalada (AB, BA, CD, DC)
Desponta a estrela d'alma: a noite morreA
Pulam no mato alígeros cantores B
E doce brisa no arraial das floresB
Lânguidas queixas murmurando corre.A


C) Alternada (AB, AB)
Sei que canto. E a canção é tudo. A
Tem sangue eterno a asa ritmada.B
E um dia sei estarei mudo A
Mais nada.B


D) Encadeada (a mai rara, encontramos do final para o meio do verso):
As flores d'alma que se alteram belas
Puras, singelas, orvalhadas, vivas.
Tem mais aroma e são mais formosas
Que as pobres rosas num jardim cativas.


E) Misturada ( aquela que não segue esquematização regular):

De uma eu sei, entretanto. A
Que cheguei a estimar B
Por ser tão desgraçadas! C
Tive-a hospedada a um cantoA
Do pequeno jardim;D
Era toda riscada de um traço cor de marB
E um traço carmesim!D


F) Verso branco (aquele que não possui marcação de rimas):
Lá, como é uso do país, roçandoA
Dois lenhos entre si, desperta a chama.B
Que já se ateia nas ligeiras palhas, C
E velozmente se propaga. Ao ventoD
Deixa cacimbo o resto e foge a tempo.E

Poema é o texto composto em versos (linhas breves) e estrofes, numa oposição ao texto composto em prosa (linhas longas), isto é, composto em orações, períodos e parágrafos.

Escansão é a contagem das sílabas de um verso, a partir das seguintes regras:
1) Na contagem das sílabas métricas, contamos até a última sílaba tônica e desprezamos a sílaba ou sílabas átonas finais;
2) Quando houver encontro de vogais (vogal no fim de uma palavra e outra vogal no início do vocábulo seguinte), formando um ditongo, conta-se apenas uma sílaba métrica.

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Estrofe é o conjunto de versos de um poema e, de acordo com a quantidade deles,  classifica-se em:
*1 verso - monóstico
* 2 versos - dístico
* 3 versos - terceto
* 4 versos - quarteto ou quadra
* 5 versos - quinteto ou quintilha
* 6 versos - sexteto ou sextilha
* 7 versos - septilha
* 8 versos - oitava
* 9 versos - novena
* 10 versos - décima

* Mais de 10 versos - irregulares

Poesia é a qualidade presente em certos textos, capaz de despertar o sentimento do belo e provocar o encantamento estético. Dessa forma, a poesia pode estar em um conto, na cena de um filme ou de uma telenovela; nas artes plásticas, como a pintura e a escultura.

(Fonte: UOL Educação, 14/3/12)